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As DSTs estão aumentando no Japão e ninguém consegue acreditar

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O número de casos de sífilis em Tóquio, no Japão, continua a aumentar de forma preocupante, permanecendo num nível semelhante ao do ano passado, que foi o mais elevado já registado. Até 1º de setembro de 2024, foram notificadas 2.460 infecções, muito próximo das 3.701 registradas em todo o ano passado, indicando que a tendência ascendente continua. Destes casos, 70% dos infetados são homens e 30% mulheres, registando-se um aumento notável nos homens entre os 20 e os 50 anos e nas mulheres por volta dos 20 anos.

Japão
© porta ao vivo

A sífilis é uma doença que, em muitos casos, não apresenta sintomas claros nas fases iniciais, o que pode fazer com que os infectados não percebam que estão espalhando o vírus para outras pessoas. De acordo com Nishizuka Itaru (西塚至), chefe da divisão de prevenção de doenças infecciosas de Tóquio, “O facto de muitas pessoas não saberem que estão infectadas contribuiu para o aumento das infecções nos últimos três anos“.

Entre os casos, houve pessoas que confiaram que o parceiro estava livre da doença e não tomaram precauções, bem como pessoas que passaram vários anos sem saber que estavam infectadas. “O vírus continua a se multiplicar no corpo mesmo sem sintomas visíveis, aumentando o risco de transmissão inadvertida“Nishizuka acrescentou.

Tóquio reforçou a sua capacidade de diagnóstico, oferecendo testes de sífilis em centros de saúde e em novos consultórios em Shinjuku e Tama. Esses testes são realizados de forma anônima e gratuita, e inclusive foram habilitados nos finais de semana para facilitar o acesso. “Se você tiver a menor suspeita, é melhor fazer o teste“Insistem as autoridades de saúde, sublinhando a importância da detecção precoce para travar a propagação da doença.

Um tema polêmico nos fóruns japoneses: o que está acontecendo?

Esta notícia gerou uma forte discussão nos fóruns japoneses, já que muitos usuários comentaram sobre a contradição entre a alta incidência de uma doença sexualmente transmissível e a percepção de que os japoneses não fazem tanto sexo como em outras sociedades. Isso gerou uma onda de comentários sarcásticos e preocupados, como:

  • «Eu, que não tenho contato com o sexo oposto, estou perfeitamente protegido… Espera, por que estou chorando?».
  • «Lembre-se que nos estágios iniciais da infecção podem aparecer nódulos ou úlceras na boca ou nos órgãos genitais. Tome cuidado!».
  • «Deve ser culpa dos aplicativos de namoro. Os estabelecimentos especializados são muito cuidadosos, mas as atividades de prostituição amadora que não levam a sério as doenças sexualmente transmissíveis as estão espalhando».

Outros utilizadores sugeriram que encontros sexuais em determinados locais públicos, como parques, poderiam estar a contribuir para a propagação do vírus, bem como para a popularização de aplicações de encontros e atividades clandestinas. Os fóruns estavam repletos de comentários apontando que as práticas sexuais de risco e o desconhecimento sobre os reais riscos da doença são factores-chave neste aumento alarmante de infecções.

  • «Isso deve ser resultado da prostituição de rua e dos aplicativos de namoro».
  • «Todos são responsáveis ​​pelo que fazem da vida, mas por favor parem de espalhar a sífilis».

A contradição entre o declínio da natalidade no Japão e a propagação de doenças sexuais tem gerado uma reflexão na sociedade japonesa sobre novas formas de interação e mudanças na dinâmica sexual, num país que enfrenta problemas demográficos cada vez mais graves. O que realmente está acontecendo? A proliferação de novas formas de contacto, como as aplicações de encontros, pode estar a facilitar encontros sexuais casuais, embora isto desafie a percepção de que os jovens japoneses são menos activos sexualmente do que no passado.

Fonte: Hachima Kikou